quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

E POR FALAR NA LUIZA

A LUIZA JÁ VOLTOU DO CANADÁ, e o que restou dessa história, foi uma enxurrada de críticas e re leituras da mesma, quer seja para divertir os amigos em conversas informais, quer seja para tecer paralelos com conhecidos, que se encontram em situação semelhante. Mas o caso da Luiza é justamente para isso, para rir um pouco nesse mar de desgraças, de truculências e de absurdos sociais. É preciso muito ressentimento, para criticar as inúmeras bobagens que são criadas em cima de fenômenos aparentemente corriqueiros ou sem importância. Afirmar que casos assim são produtos de mentes atrofiadas. Isso sim é ignorância e falta de inteligência.
O brasileiro está sempre inventando formas para não se deixar abater pelos percalços da vida. Ri de si mesmo, ri dos outros, para os outros e com os outros, ri do que acontece com ele e com os demais, inventa formas para transpor obstáculos, sejam eles concretos ou mentais. Para ter uma boa ideia disso, basta refletir em como conseguiu transformar MERDA em uma coisa positiva. Já pararam para pensar na frase que diz: TA PENSANDO QUE É POUCA MERDA?! É impossível não observar as inúmeras manifestações de criatividade deste povo. Não é a toa que os “spots” de propaganda criados no Brasil, fazem o sucesso que fazem nas convenções de publicidade, não é a toa que as novelas - item de exportação -, conseguem emplacar chavões que divertem e marcam épocas na vida das pessoas. Hoje é a Luiza, amanha quem será? Qual será o “insite” que a criatividade vai pegar.
“O ser humano se adapta a qualquer situação, talvez essa seja a melhor característica que o descreve” disse Dostoiévski numa de suas obras, mas como é que esse ser humano consegue fazer isso? Lançando mão de sua criatividade, encontrando caminhos, feito água que corre por entre as pedras. A criatividade é característica dos homens extraordinários que não só fazem o que podem, superam esse conceito e ultrapassam as expectativas dos demais. São os que criam não só durante certo período de tempo, um ano, dois anos. São os que nunca se cansam de criar.
Na cidade de Manaus é possível visualizar o caminho que este homem percorre, basta se localizar dentro de um mapa e perceber como ele foi capaz de criar condições onde parecia não haver, construir uma metrópole no meio da maior floresta do planeta, uma cidade maior do que a imaginação que qualquer um poderia supor. Tudo isso só foi possível, a despeito de todas as barreiras culturais, geográficas e climáticas, graças  à característica criativa dos que nela residem.
 Assim como a Luiza que já voltou do Canadá, a última demonstração de criatividade da cidade de Manaus foi a construção da Ponte que atravessa o rio Amazonas no trecho Manaus -  Iranduba. Neste caso não se trata de uma bobagem para descontrair os músculos enrijecidos pela labuta diária, como foi o caso da Luiza, se trata de desenvolvimento. Uma obra colossal que coloca à prova não somente a criatividade do homem para vencer a força da natureza, mas a sua perseverança, o seu desejo de continuar crescendo, de fazer bem feito, de acontecer. Ontem foi o teatro, seguido de suas criativas incursões de ópera “porta afora” para alcançar toda a população. Uma forma criativa de levar a montanha à Maomé, ontem foi o pólo industrial, alavanca que sustenta a economia da região, ontem milhares de manauaras tiveram idéias brilhantes e fazem sucesso com elas hoje, dentro e fora da cidade. Idéias de todas as dimensões, um vampirão para coletar sangue, uma praça iluminada, um festival folcklórico, um picolezeiro vestido de homem aranha, um condomínio de casas populares, um bosque no meio da cidade. Hoje é a ponte, amanha o que virá? Os desafios são lançados diariamente e diariamente constatamos que a criatividade é uma fonte que não se esgota. Manaus nunca foi tão cosmopolita como agora.
A crítica contra a bobagem como pauta social, ou contra o sonho de desenvolvimento social e urbanístico é, antes de tudo, um retrocesso que desmerece o homem criativo e desbravador do local. Critica-se negativamente pelo mero prazer de criticar, critica quem não é capaz de criar e se ressente disso sob um falso moralismo erudito. A erudição pela erudição não tem mais lugar, é preciso mais do que simplesmente ter posse do conhecimento, é preciso transpor o conhecimento e avançar para o nível de criação e produção de atitudes coerentes com a vida que se quer levar. Não há mais como discutir que neste intento a comunicação hoje deixou de ser fragmentaria do público, ele saiu do sofá de sua sala e mesmo sem se deslocar para fora da sua residência ou abandonar seus quefazeres diários, passou a ser partícipe de uma grande reunião, estilo “praça de Atenas”, onde pode livremente criar, comentar, opinar, se posicionar e tomar atitudes, sobre as informações que recebe. A TV, o rádio, o jornal impresso, não são os únicos a pautar suas matérias, nunca o foram, mas desde que a internet virou item de cesta básica da população é possível acompanhar todas as manifestações deste público, dentre elas o bom humor que lhe é característico, a alegria renitente qual “Sísifo empedernido” (parafraseando o poeta Anibal Beça) insistindo em sobreviver no meio das vicissitudes que a vida lhe traz. A internet tem sido uma fonte de informação e de manifestação, sem esquecer que como qualquer ferramenta comunicacional pode ser usada para o bem como para o mal, conceitos não perenes e indissociáveis do ser humano.

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