sábado, 1 de setembro de 2012

PRODUTIVIDADE: UMA RECONSTRUÇÃO DE CONCEITOS, VALORES E PERSPECTIVAS



O ser humano e seu entorno estão em constante mudança, assim devem operar todos os mecanismos de inserção social. A educação e o treinamento são pilares para sustentar essa mudança, satisfatória e produtivamente. Entrementes, distorções ideológicas estão acontecendo. Uma doença que assola a educação em todos os seus níveis e que tem características endêmicas, Quais as suas causas geradoras? É circunstancial ou uma tendência maniqueísta? O certo é que há um descrédito no processo de ensino/aprendizagem, na sociedade macro e micro, assim como no caráter de cada um dos sujeitos que dela fazem parte.
 
Os fatores epistemológicos do comportamento do homem e da sociedade falam de um movimento constante de valores. Experimenta-se a perda de pontos de referência ou a sua inutilidade neste contexto novo. “Junto com as fronteiras nacionais, ruíram os ideais que organizavam as identidades” escreveu o psicanalista Jorge Forbes. Essa revolução do pensamento humano, pós-estruturalista, deixou tudo na maior desordem. É a era da libertação das idéias das formas, pensamento nietzscheano. Vive-se num mundo mais reflexivo. Está-se reconstruindo a identidade.

É preciso nova consciência política. Educar é um ato político. O pensamento inovador pede a compreensão dos fatos não mais como partes isoladas, mas de maneira sistêmica. O ato de educar não está isolado, nem está delimitado, ele é global, cresce como a globalização o faz – horizontalmente - . É um fato compartilhado em menor ou maior grau com o resto do mundo. 

Nesse novo contexto global, como se dá o preparo dos indivíduos para lidarem nessa reorganização social? Está visto que as características de ambos os lados do hemisfério são antagônicas. Enquanto de um lado a educação forma indivíduos competitivos, deste lado ela continua oprimindo-os. Mesmo depois das novas Leis – LDB, PCNs -, o que ocorre difere totalmente na prática nos centros educativos e de treinamento. Formam-se indivíduos acomodados, sem senso crítico e/ou iniciativa, indivíduos amedrontados e com o único objetivo de encontrar um porto seguro. Indivíduos que não exploram sua singularidade, apenas copiam e repetem fórmulas e modelos. Não são preparados para lidar com situações diferenciadas, fogem do conflito, não entendem a derrota como aprendizado, a enxergam como vergonhosa. Não sabem escutar negativas, não desenvolvem habilidades, não sabem dialogar. A meta? Quantitativa. Como as exigências que lhes são impostas.

É assim que o individuo se torna adulto, almejando um diploma. Instituições e governo, descaracterizando programas de inclusão social, vendem a ideia do título como a única passagem para o sucesso pessoal e profissional. Ledo engano, pois ele é apenas o “meio” e não o “fim”, nada significa, dissociado do quefazer profissional, envolvendo performance de caráter, espírito, ética e até dos cuidados da sua imagem física. Enfim, do pacto que o ser humano faz com a sua realidade.

O desafio é contextual, não está nos centros de educação e treinamento, ele dilacera as entranhas familiares, sociais, históricas e geográficas, abrange o âmbito político, religioso, cultural, psíquico. O indivíduo esta impregnado de tudo isso e, é da compreensão desse sistema complexo que depende o alcance da nova identidade que se procura. A educação que recebem está voltada completamente em sentido contrário ao de um empreendedor e é no mercado de trabalho que isto se revela nos baixos resultados obtidos por especialistas que tentam tirar deles o ser ativo “anos luz” distante.

É a compreensão do mundo e da realidade que exige enfoque diferenciado, mesmo assim, o resultado será minado pela falta de coesão entre os discursos políticos que engatinham na práxis da interdisciplinaridade como ferramenta para o sucesso operacional. É fácil constatar isso no dia-a-dia que joga no ventilador, problemáticas decorrentes da falta de coesão entre os discursos que regem a sociedade. Treinamento está atrelado à compreensão contextual do funcionário e à capacitação etnológica do treinador. Mais do que números e porcentagens como a área da administração e da logística tem focado é preciso enxergar o ser humano, o cidadão, o empreendedor em potencial que existe em todos.