quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

SEGURANÇA DO TRABALHO UMA REFLEXÃO DE TODOS



"Aquel que prefiere las reglas
a la justicia no sabe tratar a las personas" Galeano

Dentre as políticas públicas, a segurança do trabalho tem chamado mais a atenção, devido ao número de registros que apontam para o descuido com a saúde de funcionários. Profissionais que sofrem patologias decorrentes de sua labuta. O contexto desse quadro fica por conta do crescimento desregrado das cidades sem planejamento urbano que atenda às necessidades básicas como educação de qualidade, higiene, saneamento (água e esgoto) e uma economia inclusiva.

O bairro cresce, assim como cresce o comércio de bebidas ou entorpecentes e o número de casos de violências. É nesse meio que o homem se descobre. O resultado? Indignação e revolta e/ou a institucionalização de sua condição como sendo algo imutável e natural, “de um lado tem a lua, do outro tem o sol e no meio tem o homem desinformado, acomodado, manipulável. Produto de uma sociedade oligárquica e egoísta”. É nesse meio que funcionários são afetados na sua dignidade, sua saúde arriscando sua segurança com o objetivo primo de “apenas” sobreviver, como que endossando o homem dostoievquiano “capaz de adaptar-se a qualquer situação”.

Até pouco tempo atrás, o empregado não era considerado importante. Encontrava-se desprotegido e subordinado aos desejos e ordens do patrão. Hoje uma nova consciência pautada em parâmetros da agenda Setting exige um olhar diferenciado para ele. Foram criados mecanismos e instrumentos de defesa, promulgadas leis que o amparam e lhe garantem seus direitos perante o staff, criadas normas de segurança para minimizar acidentes e reconhecer os danos físicos ou psíquicos, que possa causar-lhe o exercício da sua profissão. Muitas empresas têm assumido e compreendido a importância de seus funcionários, não só em beneficio próprio, mas em prol de uma nova consciência empresarial.

Muitas delas lançam mão de alternativas nunca antes cogitadas, como a contratação de profissionais nas áreas de psicologia, filosofia, sociologia para orientar suas ações no trato do público, interno e externo. Entrementes existe um viés que não está sendo considerado. A violência que significa a padronização de comportamentos.

A ética empresarial assim como a da sociedade de consumo tem como base um modo de pensar, de se comportar e de viver que, na verdade, anula o verdadeiro sentido da ética como exercício da consciência, da liberdade e da responsabilidade. Encontrar um funcionário que fuja das normas e analise situações diferenciadas é algo muito raro. O funcionário padrão é aquele que não se deixa acometer por sentimentos, contextos ou emergências não calculadas, segue as normas como se fossem rédeas empresariais. Com o tempo a linearidade deste raciocínio acomoda-se a esta rotina e a pessoa deixa de pensar para simplesmente executar ações mecanicamente.

Mas a violência maior acontece ao sair do trabalho. Se empresas normatizam os comportamentos dos seus empregados unificando suas idiossincrasias, a sociedade faz o mesmo com a população. É o homem é transformado em um ser destituído de qualquer significado maior do que a de um objeto. E o compromisso social onde fica? Vivemos o mero lucro extrativista? Empresas com políticas pontuais de segurança do trabalho e sem coesão com as demais políticas sociais e culturais da urbe fazem que as poucas empresas com verdadeiro compromisso social se tornem pequenas ilhas inúteis. A segurança do trabalho tem antes de tudo que ser um ato consciente e refletido por todos, sociedade, empresas e funcionários.

Nenhum comentário:

Postar um comentário