O ser humano e seu
entorno estão em constante mudança, assim devem operar todos os mecanismos de
inserção social. A educação e o treinamento são pilares para sustentar essa
mudança, satisfatória e produtivamente. Entrementes, distorções ideológicas
estão acontecendo. Uma doença que assola a educação em todos os seus níveis e
que tem características endêmicas, Quais as suas causas geradoras? É circunstancial
ou uma tendência maniqueísta? O certo é que há um descrédito no processo de
ensino/aprendizagem, na sociedade macro e micro, assim como no caráter de cada
um dos sujeitos que dela fazem parte.
Os fatores epistemológicos do comportamento do homem e da sociedade falam
de um movimento constante de valores. Experimenta-se a perda de pontos de
referência ou a sua inutilidade neste contexto novo. “Junto com as fronteiras
nacionais, ruíram os ideais que organizavam as identidades” escreveu o
psicanalista Jorge Forbes. Essa revolução do pensamento humano,
pós-estruturalista, deixou tudo na maior desordem. É a era da libertação das
idéias das formas, pensamento nietzscheano. Vive-se num mundo mais reflexivo.
Está-se reconstruindo a identidade.
É
preciso nova consciência política. Educar é um ato político. O pensamento
inovador pede a compreensão dos fatos não mais como partes isoladas, mas de
maneira sistêmica. O ato de educar não está isolado, nem está delimitado, ele é
global, cresce como a globalização o faz – horizontalmente - . É um fato compartilhado
em menor ou maior grau com o resto do mundo.
Nesse novo contexto global, como se dá o preparo dos indivíduos para
lidarem nessa reorganização social? Está visto que as características de ambos
os lados do hemisfério são antagônicas. Enquanto de um lado a educação forma indivíduos
competitivos, deste lado ela continua oprimindo-os. Mesmo depois das novas Leis
– LDB, PCNs -, o que ocorre difere totalmente na prática nos centros educativos
e de treinamento. Formam-se indivíduos acomodados, sem senso crítico e/ou
iniciativa, indivíduos amedrontados e com o único objetivo de encontrar um
porto seguro. Indivíduos que não exploram sua singularidade, apenas copiam e
repetem fórmulas e modelos. Não são preparados para lidar com situações diferenciadas,
fogem do conflito, não entendem a derrota como aprendizado, a enxergam como
vergonhosa. Não sabem escutar negativas, não desenvolvem habilidades, não sabem
dialogar. A meta? Quantitativa. Como as exigências que lhes são impostas.
É assim que o
individuo se torna adulto, almejando um diploma. Instituições e governo, descaracterizando
programas de inclusão social, vendem a ideia do título como a única passagem
para o sucesso pessoal e profissional. Ledo engano, pois ele é apenas o “meio”
e não o “fim”, nada significa, dissociado do quefazer profissional, envolvendo performance
de caráter, espírito, ética e até dos cuidados da sua imagem física. Enfim, do
pacto que o ser humano faz com a sua realidade.
O desafio é
contextual, não está nos centros de educação e treinamento, ele dilacera as
entranhas familiares, sociais, históricas e geográficas, abrange o âmbito político,
religioso, cultural, psíquico. O indivíduo esta impregnado de tudo isso e, é da
compreensão desse sistema complexo que depende o alcance da nova identidade que
se procura. A educação que recebem está voltada completamente em sentido
contrário ao de um empreendedor e é no mercado de trabalho que isto se revela
nos baixos resultados obtidos por especialistas que tentam tirar deles o ser
ativo “anos luz” distante.
É a compreensão
do mundo e da realidade que exige enfoque diferenciado, mesmo assim, o
resultado será minado pela falta de coesão entre os discursos políticos que
engatinham na práxis da interdisciplinaridade como ferramenta para o sucesso
operacional. É fácil constatar isso no dia-a-dia que joga no ventilador,
problemáticas decorrentes da falta de coesão entre os discursos que regem a
sociedade. Treinamento está atrelado à compreensão contextual do funcionário e à
capacitação etnológica do treinador. Mais do que números e porcentagens como a
área da administração e da logística tem focado é preciso enxergar o ser
humano, o cidadão, o empreendedor em potencial que existe em todos.
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